Trabalho
Mulheres à frente da coleta de lixo
Com a mudança no sistema, trabalhadoras ganham rota exclusiva no recolhimento
Jerônimo Gonzalez -
Desde a semana passada a vida de quatro mulheres ganhou uma rotina diferente. A Litucera, empresa encarregada pela coleta conteinerizada em Pelotas, lançou o primeiro veículo exclusivamente feminino. A iniciativa da instituição visa abrir espaço às mulheres em cargos antes dominados pelo público masculino.
As novas integrantes do serviço de limpeza urbana são encarregadas de recolher o lixo depositado nos contêineres na área central. A atividade consiste em encaixar a coletora no caminhão e higienizar o entorno das lixeiras. De acordo com Luis Henrique Mota, gerente da Litucera, a inclusão das trabalhadoras serviu para marcar a chegada da empresa à cidade e também para quebrar os paradigmas de que as mulheres não conseguem exercer atividades braçais. “A ideia é aliar a mudança no sistema de coleta à qualidade do trabalho feminino”, disse.
Logo no início da semana passada iniciou o treinamento. Antes de sair às ruas, o técnico de segurança do trabalho repassou as principais dicas de segurança para lidar com o caminhão. Durante os primeiros dias o serviço foi orientado por um gari mais experiente e mais antigo na empresa. Além disso, toda equipe recebeu uniforme, boné e protetor solar antes de partir. A primeira jornada inicia às 10h e segue até as 18h, neste primeiro turno embarcam a motorista e duas coletoras. À noite inicia a segunda etapa do trabalho, quando uma única funcionária, acompanhada de um dos motoristas, realiza a coleta dos materiais depositados mais tarde.
Maria Angelita, 22, uma das funcionárias, ficou sabendo da vaga através do marido e resolveu enviar currículo. Antigamente ela trabalhava em uma cooperativa de reciclagem e, portanto, a experiência com serviço braçal não é novidade. “A iniciativa é muito válida, acho que a mulher pode e deve conquistar o seu espaço, eu tô gostando do novo serviço”, conta. Já a colega, Ana Elisa, 32, nunca havia trabalhado na área, mas acredita que a oportunidade possa abrir novas portas e, segundo ela, “a adaptação é uma questão de tempo”. Recentemente, a motorista do caminhão desistiu do emprego e, por esse motivo, outro colega assumiu a função. No entanto, Mota garante que uma nova seleção já está sendo feita. O gerente ainda afirma que o objetivo é ampliar cada vez mais o número de mulheres na empresa e, futuramente, compor a frota da coleta conteinerizada por equipes cem por cento femininas. Este primeiro caminhão faz parte de um procedimento experimental que vai avaliar as funcionárias no decorrer dos próximos meses.
O trabalho já chamou atenção
Em um dos trasbordos de carga feito pelo caminhão na cooperativa de reciclagem Fraget, Rita Oliveira, 46, funcionária do local, se impressionou ao ver mulheres no veículo. Interessada, a recicladora questionou sobre o trabalho e pretende enviar currículo. “Isso é uma maravilha, é a oportunidade de mostrar que nós também temos capacidade”, comemora.
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